The Straight Story (1999)

"Dia três de fevereiro de 2002. Ela tinha ido ao cinema com uma amiga e depois ela iria entrar na outra sessão comigo (que empenho!). Ela deixou na bilheteria um cartão postal com uma foto preto e branco do Minhocão com os seguintes dizeres: 

Estou aqui na livraria, esqueci de trazer envelope então estou improvisando isto e abusando da boa vontade do "jovem livreiro". Aí está o seu ingresso, 21h30 - "História Real". Estarei vendo "Sob a Areia" do outro lado (que por sinal é mais barato).

Guarde um bom lugar e até mais. Me contento com "qualquer" conotação de bom.

Como eu a amava!

Hoje ela morreu. 

Espero que meu amor vá junto."

O Jardim Secreto

"Acho que nunca esqueci esse filme porque nele pude me sentir uma menina grande pela primeira vez.
Sentei-me sozinha no cinema, vovó sentou-se longe muito a contragosto, mas não tinham lugares vagos juntos.
Assisti o filme sem ninguém pra me dar a mão, nem ninguém pra me explicar as cenas difíceis. Mas eu, meninagrande, entendi tudo e até pude me sentir dentro daquele belo jardim de passagens secretas e cheiro de passado, onde uma meninagrande também olhava para mim, orgulhosa por também estar sozinha".

L'eclisse (1962)

"Inveja. Esse é o sentimento. Perfeito. Esse é o adjetivo. Meus olhos enchem de lágrimas quando vejo esse filme. Respirar fica difícil. Piscar fica difícil. Pensar fica difícil. É como uma droga que paralisa o racional. Não consigo descrevê-lo, só consigo senti-lo. Queria um dia chegar perto disso. Queria um dia chegar perto do Cinema de Antonioni. Queria um dia chegar perto dessas imagens. Estou apaixonada pelo " O Eclipse". "

Um Bom Ano

“Grava essa música pra mim? E essa também? E essa da vitrola, claro, grava essa com certeza. ... No fundo acho que eu queria mais do que as músicas do filme, queria gravar o cheiro das uvas, a vida da fazenda, o bom humor dos moradores e o cheiro do vinho. A intensidade pelo qual os personagens cuidam da vinícola e sentem o sabor das estações. Queria gravar o gostinho da boa vida”

Into The Wild (2007)

"SEAN PENN: I really think that we shouldn't just accept rites-of-passage opportunities as they come, because what we'll find is that they don't come in our world anymore. And we shouldn't look at them as a kind of luxury or romantic dream but as something vital to being alive. McCandless quotes somebody else in the movie: "If just once you put yourself in the most ancient of circumstances ..." This is where nature comes into it--and I think that Eddie and I share this feeling--that every sober-minded person of any belief would probably agree that the biggest issue is quality of life. You've gotta feel your own life to have a quality of life, and our own inauthenticity, our corruptions, get in the way of that. The wilderness is relentlessly authentic."

Ferris Bueller's Day Off (1986)

“Eu pedi demissão. Já estava em casa à três dias. Não conseguia relaxar… liguei a tv e estava passando na sessão da tarde Curtindo a Vida Adoidado. Eu meio com culpa, e também nem sabia direito o que fazer com o meu tempo livre, resolvi assistir ao filme. Mesmo assim, não tirava às mãos do meu leptop. Só que esse filme é MUITO bom!!! Não tem como não ver… ele prende. Ferris Bueller prende. Mesmo tendo visto este filme muitas vezes na minha vida, ainda dou risada de todas as piadas… (a melhor personagem de todos é a secretaria da escola...)

Pensei:
Cansei de ser o melhor amigo de Ferris Bueller. Chutei o porsche do papai e pedi demissão. Agora eu vou curtir a minha vida!!!! “

The Hunt for Red October (1990)

" A Caçada ao Outubro Vermelho foi o filme do nosso último abraço. Para quem quer entender a arte da narrativa, basta ir vê-lo; a gente fica pensando por que a universidade se obstina em ensinar os princípios narrativos na base de Propp, Greimas e outras xaropadas, em vez de investir numa sala de projeção. Primícias, intriga, actantes, peripécias, busca, heróis e outros adjuvantes: basta um Sean Connery de uniforme de suboficial russo e alguns porta-aviões bem colocados."( A Elegância do ouriço, Muriel Barbery)

Juno

“Fui ao cinema ver um filme qualquer, mas essa não era uma história qualquer. É a história da verdade, é a história da sinceridade. É a história de muitas cores e uma boa trilha sonora. É a história de uma menina descolada que me fez pensar, não em histórias de amor, nem em filmes sessão da tarde, me fez pensar em como ela lida com a verdade, como ela responde com verdades. Como ela transforma os problemas em pequenas fases, transpassadas com leveza como algodão doce.
Os problemas têm o tamanho que damos a eles, e essa menina, com transparência e humor crítico dá a eles a resposta que eu gostaria de dar aos meus: eu não tenho medo de vocês...”

Johnny Got His Gun (1972)

"Nosso casamento não estava tão bem. Fomos para a casa dos pais dela em Porto Alegre. Nossa filha já estava com quase dois anos. Nós resolvemos ir para Buenos Aires e deixamos a menina com os velhos. No Segundo dia ela queria voltar, estava com saudades da menina. Eu consegui prolongar por mais três dias, mas ela queria voltar. Ela estava com saudades da menina. Voltamos. Ficamos mais uns dias na casa dos velhos. Eu já estava jogado de lado. Convidei-a para ir ao cinema. Fomos ver "Jonny vai à Guerra". Quando saímos da sessão, ela pediu o divórcio."

The Abyss (1989)

"Éramos em cinco, e eu a mais jovem. Fomos ao cinema. Para mim era tudo novidade. 

Assistimos ao filme "O Segredo do Abismo". Todos saímos inebriados da sessão. Como se não acreditássemos no que tínhamos visto, assim como os protagonistas. Não trocamos nossas sensações e achismos. O filme tinha sido tão bom, que não podíamos falar. 

Já se passaram 18 anos e nunca mais vi o filme, mas até hoje lembro da sensação boa que me causou. Não sei bem ao certo se era porque estávamos felizes juntos ou porque o filme é bom mesmo. Não estamos mais juntos, nem somos tão felizes. Hoje vou rever "O Segredo do Abismo", mas desta vez, sozinha."